A Escola Maré ganhou um reconhecimento INTERNACIONAL numa chamada pública, SOMOS CAMPEÕES!!!
Concorrendo com 30 países, entre mais de 60 projetos o Nosso projeto “ONDE ESTÁ A FLORESTA” ganhou!!!
Confira abaixo a Matéria completa que foi publicada no site I Can School Challenge – Design for Change | Stories of Change!!!
ONDE ESTÁ A FLORESTA ?
Escola Maré 2021 – SP
MENTORA – Regina Pundek
Step 1 – Sentir
Descreva qual foi o problema escolhido e porquê.
Nossa escola, a Maré, foi fundada há 22 anos. O Projeto Político-Pedagógico contempla a resolução de problemas e o desenvolvimento integral da criança, priorizando as questões socioemocionais e ambientais. Nossa proposta de atuação é o despertar da consciência planetária em toda a comunidade educativa. Uma das ações de sensibilização socioambiental da escola é a ocupação e reconhecimento de territórios. Usávamos o terreno ao lado da escola, 2000m2, que é de outro proprietário, como ambiente de passeios e estudos. Lá havia árvores de grande porte, e uma rica variedade de fauna e flora. Batizamos o local carinhosamente como ‘floresta”. Em 2017 o terreno foi devastado e colocado à venda. No dia em que as motosserras derrubavam as árvores e os tratores arrancavam raízes, as vozes das crianças se sobressaíam, em coro, gritando: “Vai embora homem mau! Não destrói a natureza!”. Em plena manifestação de tristeza e indignação, as crianças pediam para que os homens que derrubavam a floresta parassem seu trabalho. Um deles veio até a cerca conversar conosco, disse que não era um homem mau, que aquele era seu trabalho. Mas a indignação não foi calada. Cada árvore que tombava provocava mais tristeza! A comunidade escolar denunciou o acontecido, contudo as autoridades locais nos disseram que o proprietário tinha a autorização para “limpar” o terreno. Foram dias de pesadelo para todos nós. Não compreendemos como, pois há um lago natural há menos de 30 metros e árvores antigas e gigantes. Todos sentimos uma grande perda, não só pelo ambiente de passeio, mas pelas casas de animais que foram derrubadas, e pelas vidas vegetais perdidas ali, assim como por uma floresta que de repente desapareceu. As crianças começaram a falar que sentiam que a qualidade do ar tinha sido afetada, e até diziam que a temperatura do nosso espaço tinha aumentado, pois ficamos com menos sombra e menos umidade no ar.
O sentimento de indignação recebeu voz, e aos poucos foi se transformando em possibilidades de ação, em acreditar em si mesmos! A curiosidade das crianças gerou novas pesquisas de estudo. Antes eram localizadas no reconhecimento da vida vegetal, mineral e animal da nossa região. Mas passaram a focar a necessidade de qualificar o ambiente, pesquisar leis ambientais, informar adultos gananciosos (palavra que entrou para o vocabulário daquelas crianças com frequência de uso), reconhecer o que é território privado e território público e os direitos de uso desses espaços, como fazer cisternas para coletar água da chuva, como conter a água da chuva no nosso terreno íngreme para manter o solo úmido com jardins de chuva, e por aí afora, pois as crianças não param de buscar coisas bacanas que desejam fazer. Nosso Ensino Fundamental baseia-se em quatro pilares/ações no chão da escola: SER, VIVER, CONHECER e FAZER. O SER foca tudo o que é inerente ao humano, seus sentimentos, desejos, intenções e ações. Em geral, nesses momentos acontecem Rodas de Conversa ou Assembleias, quando o objetivo é dar voz a cada um e chegar a consenso. VIVER é brincar em tudo o que a brincadeira oferece, alegria, criatividade, imaginação, sentimento de pertencimento, tribo. FAZER é colocar a “mão na massa” para resolver os problemas levantados pelas crianças nas assembleias. O problema que surgiu desta vez era muito grande, mas estávamos todos bastante tocados desejando buscar uma solução. CONHECER é buscar recursos para a realização do FAZER. Estudar, planejar, tentar, errar e rever para qualificar.
Step 2 – Imagine
Em assembleia, junto com o professor Rodrigo Toyama, as crianças decidiram que o projeto que desejavam para o FAZER era um Clubinho. Questionamos o que é um clubinho e recebemos a resposta: “é um lugar para as crianças ficarem junto à natureza, brincar, conversar com os amigos e pensar coisas para fazer. ” Nos momentos de CONHECER foram feitos estudos sobre habitações ancestrais, indígenas e africanas, com base na bioconstrução. – Desejos: Fizemos uma lista de desejos para este Clubinho, ali se declarava que as crianças queriam um local em harmonia com a natureza. Batizaram o projeto como Clubinho Florestal. Fizeram desenhos, croquis e maquetes. Entretanto, onde estava a floresta que nomeava o projeto? – Planejamento: A primeira ação foi usar galhos e tecidos, mas logo mudaram de ideia. Então encontraram tijolos e pensaram em construir um clubinho com paredes. Tentaram, mas o erro se declarou quando um professor ao apoiar o pé na parede a derrubou acidentalmente. Entre erros e acertos, as crianças perceberam a necessidade de estudar e planejar. Então, iniciaram estudos sobre agroecologia, e contrataram – via fundo de projetos – dois mestres, um urbanista e uma permacultora para ajudarem nos estudos, planejamentos e realização. Todos juntos começaram então, a planejar como seria possível florestar o terreno da escola. Diversas ideias foram levantadas tanto para o clubinho como para a floresta, tais como: taipa, bambu, palha, eucalipto? Pregos? Amarras de corda? Telhado de tecido? Telhado de folhas de bananeira? Plantar árvores frutíferas? Árvores grandes que ofereçam sombra? Plantas comestíveis? PANCs? Ervas? Como “imitar” a natureza? Esses momentos de reflexão, estudo e planejamento são chamados de CONHECER. O Conhecer é a sustentação científica do FAZER.