O ser humano nasce totalmente dependente dos semelhantes. Diferentemente dos tantos animais que logo ao sair do útero já assumem o comportamento da sua própria espécie. O humano sem o outro humano torna-se outra coisa, outro animal. Muito do que somos vem do contexto e da experiência de vida. Não é em vão que as crianças passam tanto tempo a brincar de faz de conta. Ora, trata-se de uma tentativa de compreender quem são e como precisam agir. Quantas histórias existem de pessoas criadas por animais, a começar pelo famoso Tarzan, que foram descaracterizados como humanos, não é mesmo?
É na casa, na família que tudo se inicia. Ao observar o comportamento dos pais o bebê sente-se estimulado a imitá-los e gradativamente, com o passar dos meses, tanto motora, como cognitiva, espiritual e afetivamente ele passa a repetir o modelo oferecido. Nascemos pessoas, mas aprendemos a ser humanos com nossa família. Aprendemos as coisas mais básicas e as complexas também. Desde o ato de engatinhar e andar como também atitudes de observação, apreciação ou negação de fatos, pessoas ou crenças. É porque vimos alguém fazendo que aprendemos a fazer. O significado das coisas também nos é dado pela família. A importância ou não da organização, da disciplina, do respeito e da ordem vem colada às atitudes de nossos pais e demais familiares. Nossos primeiros ensinantes são nossos progenitores, sejam eles dedicados à esta tarefa de maneira consciente, ou meramente ao acaso.
Nossos anos iniciais aqui neste planeta são os anos em que mais aprendemos. Nunca aprenderemos tanto quanto nesta fase! E, também jamais aprenderemos coisas tão importantes para nossa sobrevivência e convivência social. Diz o pediatra José Martins Filho, doutor em Medicina pela UNICAMP, que os primeiros mil dias de vida de uma criança, desde a gestação até os dois anos de idade, são de fundamental importância para o futuro da humanidade! O impacto da palavra humanidade impõe a necessidade de olharmos não somente dentro da nossa casa, mas também dentro da casa das outras crianças, além das nossas. Mostra a necessidade do fortalecimento de vínculos afetivos entre os pais e os filhos. Mas, vínculos que se declarem numa ação amorosa e firme, qualificada por limites e tempo dedicado a construção de um relacionamento saudável. Ou, a sociedade produzirá cada vez mais pessoas sem as competências necessárias para a boa convivência em comunidade e, estaremos cada vez mais ameaçados pelos nossos semelhantes.
Assim sendo é inevitável afirmar que a casa é a primeira escola! Essa declaração é de uma obviedade tão grande, mas simultaneamente é a bandeira que todos precisamos levantar para ajudar a resgatar os valores estruturais da vida, que permitem sairmos de nossas casas sem o tão conhecido receio que nos persegue atualmente: conseguiremos voltar? Ou até: voltaremos com a integridade física e emocional intactas?
A casa é a primeira escola! E, onde há uma escola é preciso que haja educadores. E, para que a escola tenha qualidade e atinja seus objetivos precisa-se de educadores comprometidos com a sua função. As crianças merecem esta casa/escola! A escola que os pais desejam para seus filhos, a segunda escola, trabalhará na construção da aprendizagem iniciada em casa. E, esse processo não se interrompe porque a criança entrou na escola formal. Não! A casa é uma escola sempre! É o que a criança aprende neste espaço que ela dá mais crédito. Aquilo que os professores ensinam é visto pela criança como incoerente se não fizer eco com a prática familiar. Sendo assim, a construção de uma a comunidade educativa se dá no encontro de famílias e escolas que tenham pessoas com valores comuns reverberando por um mesmo objetivo, ou seja, o desenvolvimento de seres HUMANOS!
Regina Pundek