Minha vivência na Escola Maré, foi muito boa. Fui muito bem acolhida por todos da equipe.
Observei as crianças, as atividades realizadas e organizadas pelos professores e a interação dos mesmos. Como eram desenvolvidas e planejadas as atividades e dinâmicas em grupos, o respeito mútuo e organização das crianças me chamaram a atenção. As rodas de conversas eram feitas de perguntas formuladas por eles, cada um do seu jeito e a partir da linha de raciocínio de cada um, eles problematizavam, argumentavam, solucionavam, chegavam ao um consenso. O professor sendo o mediador, mas as crianças iam construindo seus próprios conhecimentos a partir da própria opinião, pensamento.
As crianças iniciavam algo novo e até duvidavam que eram capazes, mas sempre incentivados a tentar, o professor dizendo vocês conseguem, precisam vencer este desafio e iam produzindo e ficavam felizes porque venciam o desafio, provando a eles mesmos que eram capazes.
Capazes de superar, aprimorar, seja na escrita, desenho, arte, teatro, música no que for preciso ou desafiados a realizarem.
Quando conheci a Maré no Instagram, uma frase me chamou a atenção.
“ Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.”- Rubem Alves
A Maré é uma escola que dá asas à imaginação, criação, interpretação, falar, gesto, olhar. Que deixa a criança fluir, descobrir o mundo sem deixar de ser criança. A Maré oferece um leque de materiais, repertórios, lugares como o quintal a floresta as salas alegres e feitas pelas crianças.
Aprender de forma significativa e prazerosa, para a criança e também para o professor.
A escola Maré é uma escola que seduz e que ao mesmo tempo assusta. Seduz porque é muito envolvente, cada ambiente, saindo do padrão escolar, quebrando tabus e trazendo um novo olhar pedagógico, instigando a criança a buscar respostas as suas próprias indagações, ser autor, compositor, diretor o que ele quiser. E, assusta porque infelizmente professores são padronizados desde a faculdade. E muitas vezes comandados a como ensinar, seguindo regras, apostilas, normas e condutas. Que não estão fundamentadas no verdadeiro ensinar para a vida. E quando os professores tentam sair desta rotina, não conseguem, porque são submissos ao sistema.
Então quando me deparei com a Maré senti que as escolas realmente fazem o papel de gaiolas detentoras do saber, e regras que muitas vezes estagnam o professor e consequentemente o aluno.
Na Maré foi tudo novo para mim, cada dia que passei fui me desconstruindo e me reconstruindo novamente.
Foram quatro dias de muita aprendizagem e desconstrução do óbvio, aprendendo a olhar a criança como um ser que pensa, age, e que tem capacidades de conhecimento que, muitas vezes, desconhecemos ou simplesmente não deixamos fluir. Porque em vez de deixar fluir podamos.
Enfim amei minha vivência na Maré.
Obrigada Regina Pundek.
Obrigada Coordenadora Cátia.