Interessante como o universo se alinha e nos fala quando prestamos atenção à sua voz.
Bem, lá ia eu, muito sim senhora, no carro ouvindo rádio, a caminho da fisioterapia, quando ouvi a notícia de que naquele dia, 22 de setembro, era o DIA MUNDIAL SEM CARRO.
No dia anterior aconteceu um passeio cujo foco era menos o destino e mais o caminho, o processo de como chegar lá.Foi um passeio de ônibus de linha e metrô.
Nossa Senhora, Regina! diria nosso querido Theo Malusá, se soubesse o que eu senti naquele momento. Um contrassenso total 🙁
Eu que me acredito uma educadora focada em questões importantes do meio ambiente, que ajudo as crianças a semear florestas e indignações perante a acomodação de adultos, estava ali, de carro, olhando a rodovia Raposo Tavares lotada de veículos e a maioria eram motoristas solitários, como eu. Aff!
Em seguida, para piorar um tiquito mais, a tal voz do rádio falou do problema da temperatura do planeta, que vem subindo ano a ano. Falou também das ações governamentais que não têm sido realizadas, que a reação da natureza já é um fato. E eu ali, dentro do carro, suando em bicas, tentando me convencer que minha parte já é educar crianças. Que mais ainda tenho que fazer?
Quando estacionei o carro e subi a rua Santo Antônio a pé minha indignação comigo mesma era grande. Mas cresceu, pois essa rua é uma vergonha, embora tenha diversas lixeiras nos postes, o chão é tomado de embalagens diversas. Fui pra escola juntando lixo, mesmo sem luvas.
Eu quero que me vejam e digam: Olhem lá aquela senhora juntando o lixo que jogaram na rua! Assim, pelo modelo, quem sabe consigo atingir mais que palavras.
Logo veio a minha mente um livro do professor Vilson Sérgio de Carvalho, que cutucou minha alma. Chama-se EDUCAÇÃO AMBIENTAL URBANA. Ele nos provoca a pensar se somos bons modelos de cidadãos, se vivemos coerentemente a vida que desejamos ensinar para quem está no nosso entorno. Ele fala da potência das ações coletivas. Muito a aprender! Muito a fazer!
Encerro a reflexão questionando: Quais são os modelos que temos oferecido às crianças? Costumamos usar transporte urbano? Selecionamos o lixo em nossas casas e fazemos o descarte correto? Minimizamos consumos? Evitamos desperdícios? Comemos carne bovina com qual frequência? Atuamos em algum coletivo? Levantamos bandeiras pacíficas sobre essas necessidades para que outros possam refletir?
Regina Pundek